O ator que recusou um papel bilionário e se arrependeu

Hollywood é repleta de histórias de sucesso, mas também guarda episódios de arrependimento — especialmente quando envolve a recusa de papéis que se tornam marcos no cinema. Entre essas histórias, uma das mais emblemáticas é a de Will Smith, que recusou o papel de Neo em Matrix (1999). A decisão custou caro em termos de oportunidade e virou uma das escolhas mais comentadas da sua carreira. Neste artigo, vamos entender como essa recusa aconteceu, o motivo por trás da decisão e como ela impactou a trajetória de um dos atores mais populares de sua geração.

Uma escolha difícil nos bastidores

No final dos anos 1990, Will Smith estava no auge. Com o sucesso de “Independence Day” (1996) e “Homens de Preto” (1997), ele era uma das estrelas mais disputadas de Hollywood. Foi então que os irmãos Wachowski, criadores de Matrix, ofereceram a ele o papel principal: Thomas Anderson, também conhecido como Neo.

A proposta era ousada. Matrix era um projeto original, com ideias complexas sobre realidades simuladas, filosofia, tecnologia e artes marciais. Smith, ao ouvir o pitch inicial dos diretores, não conseguiu visualizar a grandiosidade do projeto. Em entrevistas posteriores, ele chegou a dizer que os Wachowski eram “geniais demais para se explicar”.

O motivo da recusa

Will Smith recusou o papel porque, segundo ele, não entendeu bem o conceito e achou que a proposta soava confusa. Além disso, havia outra proposta sobre a mesa: um filme que prometia ser um sucesso comercial — As Loucas Aventuras de James West (Wild Wild West), lançado em 1999.

Smith optou por esse segundo projeto, apostando na comédia de ação e no nome forte do diretor Barry Sonnenfeld, com quem já havia trabalhado em “Homens de Preto”. No entanto, a escolha não saiu como esperado.

A consequência

Enquanto Matrix se tornava um fenômeno cultural e tecnológico, revolucionando os efeitos especiais e arrecadando mais de US$ 460 milhões mundialmente, Wild Wild West foi um fracasso de crítica e de público. O filme arrecadou apenas US$ 222 milhões e foi massacrado pela imprensa, inclusive vencendo o Framboesa de Ouro em várias categorias, incluindo Pior Filme.

Smith reconheceu publicamente o erro e, com bom humor, afirmou que não teria feito Neo tão bem quanto Keanu Reeves. Ele admite que, mesmo sendo um bom ator, não teria conseguido entregar a performance icônica que Reeves deu ao personagem.

O que teria sido diferente?

A recusa de Will Smith mudou a história do cinema. Se ele tivesse aceitado o papel de Neo, é provável que:

  • Laurence Fishburne não fosse Morpheus (a escolha dos diretores para Morpheus dependia do tipo físico de Neo).
  • O tom do filme poderia ter sido mais leve ou voltado ao humor, já que Smith era conhecido por suas performances carismáticas e engraçadas.
  • O impacto filosófico e visual do longa poderia ter sido diferente — para melhor ou pior.

Esses elementos mostram como decisões individuais moldam o cinema como o conhecemos.

Outros casos semelhantes

Will Smith não é o único que recusou um papel icônico. Veja outros exemplos famosos:

  • Sean Connery recusou ser Gandalf em O Senhor dos Anéis. Ele disse que não entendeu o roteiro. A decisão o fez perder mais de US$ 400 milhões em participação nos lucros.
  • Tom Cruise quase foi Tony Stark em Homem de Ferro, mas desistiu. O papel ficou com Robert Downey Jr., que hoje é inseparável do personagem.
  • Emily Blunt recusou ser a Viúva Negra no universo Marvel. O papel foi para Scarlett Johansson, que se tornou uma das estrelas mais importantes da franquia.

Esses casos mostram que até os maiores atores podem errar — e que um “não” pode mudar a história do cinema.

Arrependimento ou aprendizado?

Embora Will Smith tenha se arrependido da decisão, ele soube tirar lições disso. Em entrevistas, ele brinca com o assunto e usa o episódio como exemplo de como é importante confiar em visões criativas, mesmo quando elas parecem confusas ou arriscadas.

Além disso, a carreira de Smith continuou sólida. Ele estrelou sucessos como “Eu Sou a Lenda”, “À Procura da Felicidade” e “Ali”. Em 2022, venceu o Oscar de Melhor Ator por “King Richard”, consolidando sua posição como um dos maiores atores da sua geração.

O papel da intuição na carreira

Essa história é um lembrete de que, mesmo para os grandes nomes da indústria, decisões difíceis fazem parte do processo. Às vezes a intuição acerta, às vezes erra. Mas é a forma como lidamos com essas escolhas que define nossa trajetória.

Will Smith perdeu o papel de Neo, mas ganhou experiência e resiliência. E nós, espectadores, ganhamos duas versões de futuro: a que vimos nas telas com Keanu Reeves, e a que podemos imaginar — com Will Smith em cena, vestindo preto e desviando de balas em câmera lenta.

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