Algumas séries começam de um jeito e, por diversos motivos, seguem por caminhos completamente diferentes. Seja por mudanças no elenco, reações do público, decisões criativas ou estratégias de audiência, há casos em que o tom, o enredo e até o gênero da produção são transformados radicalmente após a primeira temporada. Neste artigo, vamos explorar os motivos por trás dessas mudanças e analisar séries que deram uma guinada total — com destaque para o caso de “Riverdale”.
Quando a série se reinventa
Séries de TV são obras vivas. Ao contrário dos filmes, elas são construídas em tempo real com base na recepção da audiência, nos dados de audiência, nos contratos com atores e nas decisões de roteiristas e produtores. Isso permite ajustes, melhorias… e às vezes mudanças tão drásticas que transformam uma comédia leve em um drama sombrio — ou vice-versa.
Caso emblemático: Riverdale
Primeira temporada:
Inspirada nos quadrinhos da Archie Comics, Riverdale começou com uma proposta de mistério adolescente. Com um tom noir, trilha sonora atmosférica e personagens bem definidos, a série conquistou um público fiel com sua trama sobre o assassinato de Jason Blossom e os segredos da cidade.
A virada:
A partir da segunda temporada, a série começou a incorporar elementos cada vez mais absurdos: cultos, seitas, jogos de RPG mortais, poderes sobrenaturais, vilões mascarados e enredos que desafiavam qualquer lógica narrativa.
A produção passou de uma investigação com drama teen para um verdadeiro caos criativo com estética surreal. Muitos fãs ficaram confusos; outros, encantados com a ousadia. O que é certo é que Riverdale se transformou em algo completamente diferente daquilo que prometia no início.
Outras séries que mudaram radicalmente
Glee
Começou como uma comédia musical adolescente com foco na inclusão e diversidade. Ao longo das temporadas, se tornou cada vez mais dramática, cheia de reviravoltas trágicas, mudanças de tom e arcos desconexos. A mudança de foco afastou parte do público, mas manteve outros engajados pelas emoções fortes.
The Walking Dead
Iniciou com uma abordagem humana e realista sobre o apocalipse zumbi, mas a partir da terceira temporada, passou a focar mais nos conflitos entre comunidades, com um tom político e estratégico. O terror ficou em segundo plano.
The OA
A primeira temporada era um drama misterioso com elementos metafísicos. Já a segunda mergulhou de vez na ficção científica e nos multiversos, deixando até os fãs mais fiéis sem saber o que esperar.
Scrubs
As primeiras temporadas equilibravam drama e comédia médica com maestria. A última temporada foi praticamente um reboot com novos personagens e tom muito diferente — o que não agradou os fãs.
Por que essas mudanças acontecem?
1. Feedback do público
As redes sociais e fóruns são fontes constantes de opiniões. Se um arco não agradou, ele pode ser descartado. Se um personagem secundário fez sucesso, ele pode virar protagonista.
2. Troca de roteiristas ou showrunners
Mudar quem comanda a história muda tudo. Novos criadores trazem novas visões, e isso se reflete diretamente na narrativa.
3. Tentativa de revitalizar a audiência
Séries que perdem público tendem a apostar em “choques narrativos” para gerar burburinho. Às vezes funciona, às vezes é um tiro no pé.
4. Crescimento dos atores/personagens
Séries adolescentes precisam se adaptar conforme os personagens envelhecem. O tom leve pode ceder lugar a temas mais sombrios ou adultos.
Quando a mudança é bem-sucedida?
Nem sempre mudar é ruim. Algumas séries encontram seu verdadeiro tom depois da primeira temporada.
- Parks and Recreation: a primeira temporada foi criticada por imitar demais The Office. A partir da segunda, achou seu ritmo próprio e virou sucesso.
- Breaking Bad: começou como uma série quase cômica e evoluiu para um dos dramas mais intensos da TV.
Quando a mudança afasta os fãs?
Se a série muda tanto a ponto de trair a premissa inicial, o risco de perder a base fiel de fãs é grande. A sensação de “isso não é mais a série que eu comecei” pode gerar frustração e abandono.
No entanto, há um público que gosta justamente da imprevisibilidade e abraça as reviravoltas, mesmo as mais bizarras.
Conclusão: a série muda, e você?
A TV está cada vez mais dinâmica. Se antes as séries seguiam um formato rígido, hoje elas testam, arriscam e se transformam constantemente. A pergunta que fica é: você acompanha essa transformação… ou prefere parar na primeira temporada?